Obsidian e decrescimento

No final da graduação, iniciando TCC, um dos professores responsáveis pela disciplina enquanto falava de ferramentas soltou o nome do Obsidian. Não conhecia, fiquei curioso, procurei e me encantou. Já conhecia e usava muito (até hoje) o Notion, porém o Obsidian acompanha toda uma estética clean, um mistério e um conceito muito forte - as notas são SUAS, os dados são seus, privados e duráveis - Acontece que o Obsidian parte do princípio de simplificar ao máximo sua arquitetura, torná-la open-source e armazenar os dados no seu próprio dispositivo sem nuvens envolvidas, o que se você para pra pensar é um contramão da tendência tecnológica tão grande, que chega a ser engraçado parar pra pensar qual foi a última vez que utilizamos um app que não sincroniza seus dados entre todos seus dispositivos e vende suas infos pro tráfego pago em troca de “ilimitado”.

(Inserir no futuro, notas sobre Plataformas, sobre minimalismo e sobre a ilusão das ’nuvens’ que nunca chovem)

Ao mesmo tempo que o Obsidian seduz os entusiastas digitais por uma nostalgia quase pós-desenvolvimentista de decrescimento, ele entrega a possibilidade de organizar suas notas através de tags e hyperlinks e visualizá-las em gráficos de teias, ideal na criação de um “segundo cérebro”, ou utilização do método Zettelkasten, que incentivam o ato de tomar notas e se apropriar delas.

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E se nossas notas desse grandes cadernos virtuais fossem públicas? E se esse processo de aprendizagem fosse compartilhado? Sim, não é nada de novo. Na verdade remonta a tempo mais primórdios da internet, populados por sites pessoais quando informação e conhecimento eram mais sinônimos. E aí entra o digital garden.

O que é o digital garden?

A Maggie Appleton define bem o que é e a história do termo. Em citação livre, um jardim digital é exploratório, não é rígido ou muito performático como um site pessoal. Suas notas não são necessariamente finalizadas, perfeitas ou organizadas apenas por datas, mas crescem, são cultivadas, se ramificam em outras notas, se atualizam. É uma ferramenta de aprendizado público, como no sentido original da internet. É uma maneira de ter controle sobre suas informações na internet e fugir do algoritmo e todas suas pressões. E eu espero que esse espaço aqui seja tudo isso.


Links úteis:

  1. Digital Garden da Maggie Appleton: https://maggieappleton.com/
  2. “O que não é um digital garden”, por Eduardo Fernandes https://www.youtube.com/watch?v=k5wI5cH0SK0
  3. Matéria do MIT Technology Review sobre: https://www.technologyreview.com/2020/09/03/1007716/digital-gardens-let-you-cultivate-your-own-little-bit-of-the-internet/
  4. Quickstart no Hugo Themes e Github Pages, Cloud Native Trainer with Mike https://www.youtube.com/watch?v=zrmeOu8DYyw